Por Yuri Schein
A doutrina do purgatório é uma das invenções mais tardias da Igreja de Roma e serve como um dos maiores ataques à suficiência da obra de Jesus Cristo. Não aparece em lugar algum das Escrituras, não foi ensinada pelos apóstolos e tampouco era crida pela Igreja primitiva. Seu desenvolvimento histórico revela sua verdadeira origem: superstição humana. Nos séculos II e III surgiram práticas de oração pelos mortos, mas ainda sem qualquer noção de “fogo purificador”. No século VI, Gregório Magno introduziu a ideia mais clara de um lugar intermediário de purificação. Apenas na Idade Média, com a teologia escolástica e a venda de indulgências, a crença se consolidou como dogma, sendo reafirmada no Concílio de Trento para enfrentar a Reforma.
A Escritura, no entanto, destrói essa construção. O autor de Hebreus declara: “Cristo, havendo feito, de uma vez por todas, a purificação dos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas” (Hb 1:3). Não há espaço para um “purgatório” onde pecados precisariam ser expiados, pois a cruz já satisfez plenamente a justiça de Deus. Paulo afirma: “Agora, pois, já **nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1). Nenhuma condenação, nenhum resíduo a ser queimado.
O purgatório, além de antibíblico, é blasfemo. Ele insinua que o sangue de Cristo não basta, que o pecador precisa sofrer ainda mais para ser aceito por Deus. É a negação da palavra final do Senhor: “Está consumado!” (Jo 19:30). A Reforma Protestante não rejeitou o purgatório por capricho, mas porque entendeu que ele esvazia a glória do Evangelho. A alma do crente, ao morrer, não vai para uma masmorra de expiação, mas entra imediatamente na presença de Cristo (Fp 1:23). O purgatório, em última análise, é o maior insulto à cruz — um lembrete de que, quando a Igreja abandona a Escritura, cria prisões espirituais em nome da tradição.
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