Por Yuri Schein
Deuteronômio 7:13-14 é daqueles textos que revelam com clareza a lógica progressiva do Reino de Deus, tornando qualquer pessimismo escatológico absolutamente ingênuo. O versículo diz:
“Ele te amará, te abençoará e multiplicará os teus filhos, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, em terra que ele jurou a teus pais dar-te. Serás abençoado mais do que todos os povos; nenhum mal sobrevirá a ti, e nenhuma enfermidade se aproximará de ti.”
O contexto é a instrução final de Moisés a Israel antes da entrada em Canaã. Deus reafirma a aliança, detalhando não apenas a posse da terra, mas também as bênçãos concretas que decorrem da fidelidade ao pacto. A linguagem hebraica é rica em significado: יְבָרֶכְךָ (yebarechecha) — “te abençoará” — está no perfeito, enfatizando a certeza do decreto divino; וְיִרְבֶּה (veyirbeh) — “multiplicará” — indica crescimento contínuo e expansivo. Aqui não há margem para hesitação: a bênção não depende da perfeição do povo, mas da fidelidade de Deus.
No pós-milenismo, estes versículos são fundamentais, pois mostram que o Reino de Deus avança progressivamente. As promessas não são apenas espirituais, mas históricas e tangíveis: prosperidade econômica, crescimento populacional e saúde são símbolos do avanço do reinado de Cristo na história. A ideia de que Deus protege Seu povo de enfermidade e calamidade é paralela à certeza do cumprimento de Suas promessas em Cristo, ecoando Romanos 8 e o caráter irrevogável da aliança.
Além disso, a dimensão tipológica é evidente. Israel recebendo bênçãos materiais e crescimento reflete o movimento histórico do Reino, que se manifesta também na Igreja: expansão da fé, influência cultural e progresso moral são uma extensão espiritual dessas promessas. O pós-milenismo interpreta a história como o palco onde a fidelidade de Deus se cumpre, e Números 23:19-21 ressoa aqui: Deus não é homem para mentir, nem filho do homem para se arrepender.
A ironia é inevitável: os críticos que insistem no pessimismo escatológico tendem a ignorar que a promessa de Deus é expansiva, histórica e segura. Enquanto o mundo parece tropeçar em crises temporárias, o plano divino continua avançando. Deuteronômio 7:13-14 mostra que a bênção de Deus não tem data de validade; ela se manifesta progressivamente, confirmando a vitória histórica do Reino de Cristo sobre as forças do mal e da maldição.
Portanto, estes versículos são mais do que um incentivo motivacional: eles são a prova de que Deus cumpre Suas promessas de forma concreta e expansiva. O pós-milenismo não é esperança ingênua, mas análise histórica da fidelidade divina: o Reino cresce, as promessas se cumprirão e a bênção se espalha até todas as extremidades da terra.
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