quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Pós milenismo: Jubileu: Santidade que Restaura


Por Yuri Schein 

Levítico 25.18-22 declara:

"Guardareis os meus estatutos e os cumprireis, e não vos entregareis a vossos próprios desejos, nem a obra de vossas mãos; para que possais viver na terra em segurança. Então a terra descansará, e eu vos darei a prosperidade que prometi, e não vos faltará nada. Eu vos darei minha bênção sobre o trabalho de vossas mãos, e a terra produzirá o seu fruto; e vós comereis até fartar-vos e habitareis nela em segurança."

À primeira vista, pode parecer apenas uma lei agrícola ou econômica para regular a posse de terras e ciclos de colheita. Mas analisada em seu contexto histórico e teológico, revela um princípio profundamente alinhado com o pós-milenismo: Deus estabelece um padrão de santidade que gera prosperidade, justiça social e progresso histórico contínuo. O jubileu não é apenas uma medida pontual de libertação ou redistribuição; é um sistema divinamente estruturado que assegura estabilidade, bênção e expansão do Reino.

Israel, prestes a se estabelecer em Canaã, precisava de leis que garantissem equilíbrio social, justiça econômica e prosperidade coletiva. O jubileu cumpre essa função: restaura propriedades, liberta servos, protege os vulneráveis e garante que a bênção de Deus flua de maneira contínua sobre o povo. É uma aplicação prática do princípio de santidade de Levítico 19.2 e da justiça social de Levítico 19.9-10, mostrando que o progresso histórico e o cuidado pelos marginalizados são intrínsecos à obra de Deus na História.

O padrão é claro: a santidade de Israel, expressa em obediência à aliança, resulta em progresso tangível, segurança e prosperidade. Cada ciclo de jubileu tipologicamente aponta para a Igreja, que, no cumprimento das promessas de Deus, continua a expandir o Reino de maneira histórica, influenciando culturas, governos e sociedades. A aplicação plena encontra-se em Cristo, em quem todas as promessas de Deus são “sim e amém” (2 Co 1.20).

Além disso, o jubileu mostra que Deus governa a História de forma progressiva e restauradora. Mesmo diante de falhas humanas, injustiças e resistência cultural, Ele assegura que Sua obra avance: cada geração do povo santo participa da implementação do Reino, garantindo que bênção, segurança e justiça continuem crescendo. Essa progressão histórica reflete a promessa de Cristo: “as portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16.18). O Reino avança gradualmente, mas de maneira concreta, até que a restauração completa se cumpra.

Levítico 25.18-22, portanto, não é apenas uma lei econômica ou ritual; é um modelo paradigmático de santidade que gera progresso histórico, justiça social e prosperidade contínua. Para o pós-milenismo, ela confirma que o avanço do Reino de Deus é real, tangível e inevitável: a História está nas mãos de Deus, e a Igreja é chamada a ser instrumento ativo dessa expansão, cumprindo a promessa de vitória, bênção e restauração progressiva.

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