Por Yuri Schein
Levítico 19.2 declara:
"Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo."
À primeira leitura, parece apenas um comando moral: seja bom, seja correto, seja espiritual. Mas uma análise técnica e contextual revela que Deus está traçando um padrão histórico e cultural de santidade progressiva, que sustenta plenamente a visão pós-milenista. Ser santo não é apenas estar separado espiritualmente; é ser distinto na história, na cultura e na sociedade, exercendo influência positiva e transformadora, um tema que se conecta com o avanço histórico do Reino e sua consumação na Igreja (2 Co 1.20).
O contexto de Levítico 19 é essencial. Deus está transmitindo leis ao povo recém-saído do deserto, um povo em formação, prestes a entrar em Canaã. A santidade aqui não é abstração; ela se manifesta em ações concretas: justiça social, honestidade nos negócios, respeito ao próximo e obediência aos mandamentos de Deus. O capítulo inteiro mostra que a santidade é ativa e progressiva, afetando a vida social e cultural. O mandato de Levítico 19.2 define um padrão de vida que gera prosperidade, estabilidade e bênção histórica — princípios que se realizam plenamente na Igreja como continuação tipológica do povo santo de Deus.
A santidade apresentada em Levítico 19 não se limita a um comportamento pessoal. Ela é um padrão de vida coletivo que transforma a sociedade. Assim como Israel era chamado a ser distinto culturalmente entre as nações, a Igreja hoje exerce influência positiva no mundo, promovendo justiça, educação, cultura e progresso ético. As leis do capítulo 19 mostram que a obediência à aliança produz resultados históricos concretos: paz, prosperidade e crescimento do Reino na Terra.
Além disso, toda promessa de Deus é “sim e amém” em Cristo, e a santidade de Levítico 19 aponta para a Igreja, que continua a função de Israel como povo santo, expandindo o Reino na história, transformando culturas e influenciando civilizações. A santidade não é retirada do mundo; é exercida dentro da História, garantindo que o plano de Deus avance, mesmo diante de resistência. É um processo contínuo, um progresso histórico. Deus chama Seu povo para se destacar, influenciar e avançar o Reino gradualmente. Essa ideia conecta-se diretamente com a promessa de Cristo: “as portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16.18). O progresso histórico é inevitável porque Deus dirige a História, santidade e bênção andam lado a lado, e a Igreja cumpre essa função de forma contínua.
Levítico 19.2, portanto, não é apenas uma regra de comportamento ou uma abstração ética. É um modelo para o avanço histórico do Reino de Deus, mostrando que a santidade de Israel e da Igreja produz progresso tangível na sociedade, transformando culturas e garantindo a expansão do Reino. O pós-milenismo lê esse texto exatamente assim: Deus opera historicamente, a santidade gera bênção, e a vitória sobre o mal é real, concreta e progressiva.
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